quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Divisões

os dias,
de todas as idas,
das vindas,
de todas as horas que nao findam,
daquelas vidas lindas,
longe,
divididas,
dos rios de sorrisos que nos atraem,
aqueles olhares de cantinho que nos traem.
-será que é pra mim?
Ah!esses enganos,
desses vinte e poucos anos,
dos pensamentos e de todos os outros planos,
sentimentos plenos mas em vão,
as palavras trocadas e aquele não,
um suspiro desiludido,
aquele passado iludido
os sentimentos estraçalhados jogados ao chão.

sábado, 24 de outubro de 2009

Problemas

os meus?
e se for os seus?
nossos?
não, não quero
é seu, somente seu
problemas,
dilemas?
e os temas?
não,não mudam
relutam?
sim, refutam,
desiludem
discutem,
nos reduzem,
nos seduzem,
simplesmente destroem.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Tic-Tac

Ah! esse Tic-Tac
que teima em tomar
todo nosso tímido tempo
atribulado de tarefas

Devaneios da realidade

porca miséria que nos condena
homens inúteis que nos rodeiam
estranhos seres de tuas normas
mentiras velhas em novas formas
pés presos ao chão
mãos atadas na preguiça
mente divorciada da razão
pensamentos supérfluos de obsessão
idéias orfãs jogadas na sorte
jardins envelhecidos semeados de morte
a humanidade com cancro
o horizonte em pranto

Perguntas inválidas

nas perguntas mal respondidas me escondo
da tua ausência te faço irrelevante
o teu inesquecível calmo e pálido semblante
anos e anos que se fez de farsante
dos sentimentos confundidos aos escombros
os dias contados e então um tombo
o tempo perdido...
o futuro iterrompido
das memórias apodrecidas
que me forçou a esquecer o teu jeito
deste estúpido tempo que me fez esquecer da tua voz
quando destes dias mascarados me farão lembrar apenas de teu nome
nestas perguntas inválidas de um filho esquecido
das lembranças de um irmão adormecido
me desfaço de você
e você que fez este porque

Estúpidas palavras

Ah! essas palavras...
palavras...

tantas palavras para nada
tanto nada para tantas palavras

palavras que nos complicam
palavras que nos explicam
palavras que nos replicam

Ah! essas palavras....
palavras...

palavras que nos sentem
palavras que nos ressentem
palavras que mentem

palavras que nos fazem
palavras que desfazem
palavras que refazem

Ah! essas palavras...
palavras...

palavras que transgridem
palavras que regridem
palavras que agridem

palavras de efeito
palavras sem efeito
palavras com defeito

Ah! essas palavras...
palavras

palavras indecisas
palavras concisas
palavras decisivas

Estúpidas palavras que não sabem o que querem
Estúpidos homens que não sabem o que sentem

Tempo perdido

As horas descalças
passam nuas

Os minutos sós, param
e não reparam

os segundos crus
e mal passados
passam em vão

o olhar triste e magoado
fica jogado ao chão
enroscado com o não

o sorriso quebrado
muito mais que mal tratado

não vale nem mais um centavo
nao tem como mais ser salvo
nem que seja belo e alvo

nao tem mais como ser o dia que clareou e nao se pôs
mas sim o dia que se pôs e te deixou para depois.

Dia(s)

um pensamento perdido,
olhos vagos e desiludidos
escondido atrás da fenda de um sentimento
rasgado, podre, que se nega ao esquecimento

os olhos se cruzam
os sorrisos se confrontam
um sentimento vem a tona
lembrando das vezes que fui a lona

foi então que
Nessas ruas desta cidade sem fim,
em um gélido estampido do coração
que hoje, te lembrei de mim

para mim,
um início
de um velho vício

para você,
talvez seja um simples fim

Do silêncio

O silêncio me faz companhia
me faz ver mais esse dia perdido
mais essas horas em vão, inválidas
esse dia inexato que vem a cada manhã bater a minha porta,
que me faz ter preguiça das pessoas a minha volta.
não quero abrir os olhos nem para uma simples espiada.
não quero ter a visão poluida com a ignorância das pessoas
não quero um abraço de mentira que me acolha,
dos olhos me fitando com apatia,
das tuas mão me escorando sem valentia.

não quero me juntar ao teu mundo de ilusão
deste teu mundo de alguns,
desse outro de nenhum.
Eu prefiro o meu silêncio e a solidão,
de mais alguns segundos sem o teu não,
da insegurança da minha mente
que me distancia da tua que é estúpida e demente
lamentando o passado perdido
podre, inútil, deveras iludido.
não olha o que há pela frente.

a minha insegurança a cada dia me refaz
na tua egoísta segurança você me desfaz
os meus escombros de cada reconstrução
ficam jogados ao lado do teu egocentrimo
mascarado e escondido no eufemismo
não quero fazer parte deste mundo de ilusão.
prefiro o meu silêncio dito a suas palavras malditas,
quero cada vez mais o meu mundo de solidão

Deixa-me

Deixa-me sentir esta dor no peito
que me mata aos poucos,
me deixa sem voz quase rouco
Deixa-me sentar ao chão tocando a grama,
olhando o pôr do sol de tons rubros e amarelos.
Deixa-me sentir a areia da praia e a brisa do mar,
sou tao pouco,
indiferente
berando o nada.
Deixa-me em paz com esta minha sensação de liberdade
de fazer o que quero sem pensar em consequências,
de a cada dia querer trocar de ideologia como se ela fosse uma peça de roupa,
de querer olhar o passado e sentir saudade.
Deixa-me tentar ser o menino que o tempo já deixou para trás,
de fazer amigos a cada dia,
de conhecê-los,
esquecê-los
e de perdê-los,
como se fossem o orvalho daquela manhã fria.
Deixa-me ter todas as sensações possíveis,
de perder o preconceito,
de me arrepender do que não foi feito,
de ter o que é meu de direito.
Deixa-me em paz,
quieto,
calado sem os sues sentimentos.
Deixa-me ser tudo,
ser nada
apenas deixa-me tentar ser

Sertão

As mãos calejadas, gastas pelo tempo
a vida sofrida desgastada pelo sol
dizendo a quase todas as perguntas - "Eu não entendo"
a enxada no ombro
suas plantas semi mortas
secas e esturricadas
solo árido e mal tratado
olhando para o céu esperando a chuva que não veio
desesperançoso da vida
semblante calmo e quase sempre calado
olhar vago no horizonte
pensando com ele,se chuva caisse
ali seria um grande campo de centeio
ou seria o pasto que não tenho
o choro na garganta, entalados
e perguntando onde estãos as terras garridas
e porque as esconderam de mim
da tua vida pobre, quase sempre falida
humilde, simples e desiludida
cabra macho do sertão
que não foge a lutaque o pé dali não arreda
esperando o dia que a terra vai dar frutos
o dia em que seus filhos vão vingar
olhando para o alto
e dizendo com ele mesmo:"Um dia esse céu vai ter que pingar"